Uma cidade inteligente é um município que usa tecnologias de informação e comunicação para aumentar a eficiência operacional, compartilhar informações com o público e melhorar a qualidade dos serviços governamentais e o bem-estar dos seus cidadãos.
Nos tempos antigos, quando não existia sequer asfalto nas ruas principais, este conceito das cidades inteligentes – ou Smart Cities, em inglês – poderia parecer algo remoto. Criar uma rede de dispositivos conectados, como veículos, eletrodomésticos e arranha-céus, que podem se comunicar e trocar dados entre si?
Pois é. As cidades inteligente não apenas tornaram-se um conceito real no Brasil e ao redor do mundo, mas também mostram-se uma solução para os diversos desperdícios de recursos que temos hoje e solução para problemas sociais que ferramentas “tradicionais” não conseguiram resolver, trazendo equilíbrio entre inteligência, inovação, acessibilidade e interatividade, de maneira a melhorar a vida dos que habitam um CEP.
Aqui não falo de cidades futurísticas ao estilo The Jatsons, tampouco da mudança no formato de prédios ou de sua matéria-prima.
Falo do uso da criatividade alinhada à tecnologia para criar cidades capazes de “pensar”.
Ficou interessad@?
Então, continue lendo esse texto e veja o que o futuro nos aguarda.
O que são as cidades inteligentes?
As cidades inteligentes usam uma combinação de dispositivos da Internet das Coisas – Iot – Internet of Things, em inglês –, soluções de software, interfaces de usuário e redes de comunicação.
Os primeiros conceitos do que seria uma cidade inteligente nos remetem às décadas de 1960 e 1970, quando o Community Analysis Bureau começou a utilizar computadores trabalhando em conjunto (clusters) e fotografia aérea infravermelha, para coletar dados da cidade de Los Angeles.
O objetivo dessa coleta de dados era direcionar recursos para áreas estratégicas da cidade, a fim de evitar desastres potenciais e reduzir a pobreza.
Portanto, pode-se dizer que uma cidade é inteligente quando possui uma infraestrutura tecnológica e digital que permite o desenvolvimento de seu território e serviços de forma consciente, abrangente, criativa e, principalmente, interativa.
A tecnologia de informação e comunicação de uma cidade inteligente possibilita que os governantes interajam com a comunidade e a comunidade com os principais setores, tornando a cidade um “projeto pensante”.
As cidades inteligentes possuem três dimensões:
Criatividade dos cidadãos que moram na cidade
O poder inventivo e criativo de uma comunidade é capaz de torná-la mais inteligente, no sentido de desenvolvimento de negócios. É que pessoas dispostas inovar e assumir riscos tendem a criar empresas melhores e mais prósperas também, o que acaba refletindo no desenvolvimento da cidade.
Inteligência coletiva
A inteligência coletiva é um conceito que surge da colaboração entre as pessoas. Quando um povo se une e acredita que a diversidade e inclusão agrega o conhecimento, a inovação e a invenção são potencializadas, surgindo soluções diversificadas para diferentes problemas de uma cidade.
Inteligência artificial
Como o próprio nome sugere, a inteligência artificial é a inteligência similar à humana, mas expressada por meio de mecanismos ou softwares. Quando bem utilizada, a inteligência artificial pode potencializar a infraestrutura da cidade, criando espaços digitais, canais de comunicação e interação, automatizando processos e otimizando antigos problemas.
Como funcionam as cidades inteligentes?
O objetivo de uma cidade inteligente é criar um ambiente urbano que proporciona uma alta qualidade de vida para as pessoas que ali habitam.
Inegavelmente, uma das melhores formas de identificar pontos de melhoria é a coleta de dados.
Por isso, as cidades inteligentes se baseiam principalmente na IoT. A IoT é um conceito que define a conexão de objetos físicos, como veículos, prédios e eletrodomésticos à internet. Utilizando sensores inteligentes, como bluetooth, GPS e softwares, uma rica quantidade de dados é coletada desses objetos interconectados e enviada para a nuvem.
A partir desses dados armazenados, os tomadores de decisão conseguem extrair insights para melhorar a eficiência do setor público e privado, destinar adequadamente os recursos, prever ou minimizar crises e contribuir para o desenvolvimento econômico da cidade.
Uma das pioneiras no assunto, a cidade de Los Angeles criou o data.lacity.org, um portal onde são compartilhados com os cidadãos os principais dados da cidade, a fim de possibilitar a solução de problemas, a inovação e o envolvimento das pessoas que ali habitam.
Portanto, as cidades inteligentes seguem quatro etapas básicas:
1. Coleta: sensores inteligentes em toda a cidade coletam dados em tempo real
2. Análise: os dados coletados são armazenados e analisados, a fim de obter insights valiosos
3. Comunicação: os insights obtidos na etapa de análise são comunicados aos tomadores de decisão por meio de um sistema de comunicação eficiente
4. Ação: a partir daí, são criadas soluções eficientes tomadas decisões mais assertivas, otimizados os serviços e recursos.
Cidades inteligentes no Brasil e mundo afora
Existem diversas cidades inteligentes espalhadas pelo globo terrestre.
Algumas incorporaram tecnologias apenas em alguns setores ou serviços, como o parquímetro inteligente, que usa um aplicativo e ajuda os motoristas a encontrarem vagas disponíveis, além de permitir o pagamento digital, dispensado a aquisição de tickets em lojas conveniadas.
Outras, já possuem em seu DNA a inteligência, e utiliza dados para tomar decisões estratégicas, como vimos o exemplo de Los Angeles.
Há ainda as cidades que já foram planejadas desde a sua fundação para funcionarem como cidades inteligentes, como é o caso de Laguna, localizada no município de São Gonçalo do Amarante, a 55 Km de Fortaleza, no Ceará, nominada a primeira cidade inteligente inclusiva no mundo.
As vias foram construídas para evitar engarrafamentos, há ciclovias por toda cidade, iluminação inteligente que reduz o consumo de energia elétrica e 620 mil m² de área verde.
Um verdadeiro paraíso de inovação, tecnologia, sustentabilidade e inclusão.
Mas não para por aí. Uma pesquisa realizada pela famosa Technavio revela que o mercado de cidades inteligentes deve gerar US$ 2,118 trilhões até 2024.
Estamos apenas no começo.
Conclusão
As cidades inteligentes têm sido criticadas por priorizar a tecnologia sobre as necessidades básicas dos cidadãos, e por seu potencial de aumentar a lacuna econômica entre quem tem e quem não tem acesso à tecnologia.
Embora essas sejam preocupações reais, o conceito de urbanismo aprimorado pela integração com a tecnologia é promissor.
O conceito de cidades inteligentes não se restringe ao comando remoto de utensílios domésticos ou acesso à internet 5G.
Vai muito além disso.
As iniciativas de cidades inteligentes visam à criação de soluções que preservam o meio ambiente, ao monitorar descarte de resíduos, por exemplo, melhoram a segurança pública, com o monitoramento de áreas com maior índice de criminalidade, além de contribuir para a criação de empregos, com a manufatura e agricultura urbana, para dizer apenas estes benefícios.
É um salto no gerenciamento de espaço também, contribuindo para que tenhamos cidades mais desenvolvidas e eficientes.