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Onde a Quarta Revolução nos levará?

A Quarta Revolução Industrial, atualmente em curso em velocidade exponencial, vem regendo a transformação da tecnologia mecânica e analógica em digital.

Muito mais do que a mudança de um modo de produção, a Revolução Digital está transformando o Ser Humano. Os hábitos de consumo, comunicação, relacionamento e comportamento em geral já não existem no “modo off-line”.

Tudo é conectado, compartilhado e facilitado pelo uso da tecnologia.

Contudo, a digitalização disruptiva está apenas no início e logo iremos romper com a barreira do conhecido ou, do previsível.

Klaus Schwab, fundador e Chairman da Fórum Econômico Mundial, escreveu que “as possibilidades de bilhões de pessoas conectadas por dispositivos móveis, com poder de processamento, capacidade de armazenamento e acesso ao conhecimento sem precedentes, é ilimitado.

Ao estudar mais profundamente a Inteligência Artificial e me conectar com pessoas e projetos vanguardistas e inovadores, fui tomado pela consciência do que realmente significa a exponencialidade da tecnologia e seus impactos no conhecimento humano.

Qual seja, tornar os limites humanos ilimitados.

Peter Diamonds, em seu livro BOLD, exemplificou com passos, didaticamente, a diferença entre a medida linear e a exponencial:

Se eu dou 30 passos lineares – digamos, um metro por passo – a partir da minha sala de estar em Santa Mônica, vou parar a 30 metros de distância, ou seja, do outro lado da rua. Se, no entanto, eu der 30 passos exponenciais do mesmo ponto de partida, vou acabar a 1 bilhão de metros de distância, o mesmo que orbitar a Terra 26 vezes”.

A exponencialidade colocou o desenvolvimento tecnológico na velocidade da luz, o que nos permitirá alcançar “distâncias” nunca antes imaginadas, nos inserindo em um mundo surreal para os padrões de hoje, muito além do “novo normal”.

Modo Deep Learning – DL

E de fato, com a proximidade da implantação da tecnologia 5G, e, consequentemente, da Internet das Coisas (IoT), a Inteligência Artificial (IA) estará definitivamente no modo Deep Learning (DL), ou seja, formando as redes neurais que irão conectar tudo e todos, tornando ilimitada a capacidade humana, considerando os parâmetros atuais.

Estamos vivendo o período de colaboração entre homem e máquina, delegando à Inteligência Artificial trabalhos que envolvem cálculos complexos, memorização, repetição e força, para concentrar no homem a função do pensar filosoficamente, humanamente, criativamente.

É uma relação comensal perfeita, onde o homem se aproveita da máquina para implementar seu poder de conhecimento e execução.

Integração entre homem e tecnologia

Este período de colaboração logo passará para o da integração (não confundir com a singularidade, termo cunhado por Ray Kurzweil, quando ocorrerá a simbiose entre o biológico e o tecnológico, não sendo mais possível distinguir o homem e a máquina ), ainda que de forma muito “primitiva e simples”, onde o homem poderá, de fato, integrar componentes biotecnológicos para suplantar limites neurológicos e cognitivos, alterando de forma disruptiva a forma como cuidamos da saúde, tratamos doenças, aprendemos e nos comunicamos.

Elon Musk, CEO da Tesla e da SpaceX, para citar apenas ele, inovou mais uma vez investindo no desenvolvimento de um chip neural, o Neuralink, que promete, num primeiro momento, ser utilizado na restauração de funções sensoriais e motoras e no tratamento de doenças neurológicas.

No entanto, num futuro próximo, o dispositivo seguramente irá evoluir para o comando de equipamentos através de ondas neurais, “telepatia”, upload de informações e conhecimento para o córtex cerebral, comunicação sem palavras, tudo por meio de transmissão de dados.

Sim, Elon Musk acredita que num prazo entre 5 e 10 anos, seremos capazes de nos comunicar sem mexer a boca.

Parece surreal, ficção científica, mas é pura realidade.

Na velocidade da luz e na fronteira do conhecimento

A tecnologia está nos levando, na velocidade da luz, ao limite da fronteira do conhecido e expandirá nossa realidade de forma ilimitada.

Voltemos ao Neuralink, e, numa análise futurista, tentando pensar com a cabeça de Elon Musk, imaginemos o potencial de uma comunicação sem palavras.

O exercício da comunicação oral exige do cérebro um esforço enorme para traduzir em palavras, pensamentos e uma quantidade enorme de informações que transitam por milhares de sinapses. Há inevitável perda de qualidade na comunicação, espaço para interpretação e ruídos.

Trocar pensamentos no lugar de palavras aumentaria exponencialmente o poder de comunicação, a troca de conhecimento entre os seres humanos e a forma e velocidade com a qual aprendemos.

Mais além, sem entrar no mérito da Ética, é inevitável pensarmos na potencialização do poder cognitivo e de habilidades cerebrais do ser humano que a biotecnologia poderá proporcionar.

Inevitável fazer referência à Trilogia Matrix, onde os personagens, quando na Matrix, tinham à disposição uma série de conhecimentos, como pilotar um helicóptero ou dominar uma arte marcial, bastando fazer o download para o cérebro e, em segundos, dominar uma nova arte ou habilidade.

Mas não se trata apenas de conhecimento.

Pesquisadores da Universidade de Bolonha tiveram sucesso na modificação de uma lembrança negativa que gerava medo em um cérebro humano. Trata-se de um protocolo experimental não invasivo que combina o condicionamento do medo (um estímulo associado com algo desconfortável que induz alguma lembrança negativa) com o neuroestímulo de uma específica parte do córtex pré-frontal.

O cérebro humano se tornando um hardware, e as pesquisas em softwares para este superprocessador estão em pleno desenvolvimento.

Partindo de tal premissa, nossos pensamentos serão dados coletáveis, abrindo um mundo de discussões no campo da ética, moral, direito, entre outros.

Não por outra razão, o Chile já discute a inclusão do neurodireito em sua Constituição.

Em outras frentes, as possibilidades na área da saúde, longevidade, transplantes de órgãos impressos em impressoras 3D são ilimitadas e contam, atualmente, com bilhões de dólares em investimentos.

Na fronteira da conectividade 5G, as bases do pensamento linear estão condenadas, assim como a ideia de que teremos sucesso sozinhos, individualmente, seja ao nível dos indivíduos, seja das nações.

A inteligência coletiva, potencializada com a integração biotecnológica e interconexão entre bilhões de seres humanos e coisas (Iot e DL), será a única competente para resolver os temas que virão, e, especialmente, para projetar, criar e implementar os fundamentos e princípios éticos na sociedade digital.

E é aqui que reside a grande e sensível questão da economia digital

Como podemos criar um futuro digital próspero?

Poderia escrever páginas e mais páginas sobre inovações e soluções, desenvolvidas e em desenvolvimento, em impressão 3D, realidade aumentada, inteligência artificial, Internet das coisas, veículos autônomos, hiperconectividade, biotecnologia, longevidade, computação quântica, nanotecnologia, etc.

Mas nada disso será útil a humanidade se não houve conexão e coordenação entre as nações desenvolvidas e as em desenvolvimento, e lideranças competentes para guiar as sociedades, cidades, países, a um futuro digital próspero.

Infelizmente, esta mesma tecnologia disruptiva poderá criar um enorme vácuo entre sociedades desenvolvidas e em desenvolvimento, potencializando as diferenças econômicas, culturais e sociais entre as nações que ocupam posições antagônicas no desenvolvimento de políticas de inclusão, colaboração e inovação digital.

O fechamento de milhões de postos de trabalho [operacionais] em decorrência da robotização, a geração de riqueza concentrada no monopólio de grandes empresas de tecnologia, localizadas em países desenvolvidos, a infraestrutura física e tecnológica mais avançada dos países desenvolvidos, entre tantas outras diferenças, criarão um empobrecimentos ainda maior dos países em desenvolvimento, colocando em risco a própria estrutura política e financeira de países mais vulneráveis.

A cooperação entre estado, academia, associações empresariais e sociedade civil é fundamental para o sucesso da empreitada digital, exigindo dos líderes e tomadores de decisões a habilidade de pensar, tomar decisões e liderar exponencialmente.

Infelizmente, os exemplos atuais em nosso país atestam a prevalência do pensamento linear e soluções obtusas, com foco míope nas questões envolvendo a Quarta Revolução.

Precisamos evoluir, e para tal, o conhecimento, técnico e filosófico, deve ser ultra incentivado e divulgado de forma maciça.Fazendo a minha parte, em artigos a serem em breve publicados, trarei à discussão alguns insights sobre assuntos-chave no desenvolvimento tecnológico do País e nos desafios que teremos de superar em questões econômicas, financeiras, de infraestrutura, emprego, pesquisas, ética e tudo o mais que permeia a Quarta Revolução.

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