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O que o coronavírus nos ensinou sobre trabalho e negócios

Há alguns meses seria possível imaginar o mundo tal qual posto pela  pandemia provocada pelo novo coronavírus? Isolamento social, ruas praticamente desertas, aeroportos vazios, shoppings fechados.

Por outro lado, amigos e parentes fazendo Happy Hour virtual e praticamente todos, de todas as idades, utilizando maciçamente tecnologia para a manutenção da subsistência física, social e econômica.

A pandemia se disseminou com velocidade exponencial e se transformou em verdadeira revolução de hábitos e costumes, criando em poucos meses um “novo normal”, com o qual ainda estamos aprendendo a conviver. Novos hábitos, novas maneiras de consumir produtos e serviços, conviver, ganhar dinheiro e, claro, trabalhar.

Evoluiremos para uma nova versão do capitalismo? Quais serão os novos modelos de negócio? Como as empresas irão se estruturar daqui para a frente?

Muitas perguntas passam pela nossa mente e, enquanto um vírus é o ponto em comum entre todas elas, a tecnologia tem se mostrado como a solução para essa nova realidade, a ponto de ser uma questão de sobrevivência.

Neste texto reflito um pouco sobre isso e as lições que você pode tirar para sua empresa ou negócio.

Empresas digitais e novas formas de negócio

Não é de hoje que se discute a transformação dos negócios pela tecnologia – ou simplesmente transformação digital, como você preferir.

Muitas empresas se nomearam digitais e preparadas para tomar decisões em um mundo de volatilidade, incertezas, complexidade e ambiguidade.

Porém, ao enfrentarem exatamente este cenário, perceberam que a tal transformação digital era mais narrativa que realidade.

Muitas empresas foram forçadas a escalar rapidamente para atender às demandas de uma força de trabalho descentralizada, em home office. Negócios que funcionavam apenas no offline viram a necessidade urgente de serem vistos no mundo online também, se quisessem sobreviver.

Talvez esta tenha sido a primeira grande lição que o COVID-19 trouxe e servirá de base para o mundo pós-crise: as empresas terão que ser sim digitais e, consequentemente, os trabalhadores e prestadores de serviços deverão  igualmente estar habilitados para atuar digitalmente.

O “ser digital” não é apenas para empresas como Google e Facebook, mas para qualquer organização que entendeu que os clientes de hoje e, principalmente, os de amanhã, não conhecem o mundo sem a internet e preferem o consumo virtual.

Ainda que tenha um endereço físico, a transformação digital pode abrir portas para um potencial ilimitado de uma empresa, seja ampliando o alcance dos seus produtos e serviços, seja melhorando sua qualidade e produtividade.

Pode até ser que seja uma visão futurística para muitos negócios, mas, nesse cenário, a transformação digital é questão de sobrevivência.

Trabalhar de casa ou de qualquer lugar do mundo

Você deve ter reparado que as políticas de isolamento social exigiram uma mudança completa de hábitos, tanto para as empresas como para os profissionais.

As empresas tiveram que acelerar os planos e modernizar pilhas e mais pilhas de tecnologias ultrapassadas e automatizar fluxos de trabalho remoto para seus funcionários.

Já os funcionários tiveram que se adaptar à rotina em casa, conciliando o trabalho com os afazeres domésticos sem perder a produtividade. Um grande desafio também, se pararmos para pensar.

No entanto, agora que vimos que é possível trabalhar remotamente, será que trabalhadores ainda querem perder várias horas por dia se deslocando de casa para o escritório, quando esse trabalho pode ser feito apenas com uma conexão com a internet?

Para a empresa será interessante também continuar mantendo toda uma estrutura de escritório, com altas despesas de aluguel, energia e materiais, se seus funcionários podem trabalhar no conforto de suas casas e, de quebra, serem mais produtivos?

A empresa pós-COVID será uma empresa preparada para “Anywhere working”, onde seus funcionários poderão trabalhar de qualquer lugar, inclusive no escritório, se for necessário.

Imagine que a limitação territorial não existe mais, sendo possível todo e qualquer negócio contratar e ser contrato de qualquer parte do mundo. Da mesma forma, talentos de qualquer lugar do mundo podem compor a equipe de colaboradores de uma empresa, com igual, senão melhor, qualidade de prestação de serviços e colaboração com a equipe

Novas habilidades de trabalho

Muito antes da pandemia, gigantes da tecnologia como Apple e Google já não exigiam um diploma universitário dos candidatos que pretendiam uma vaga de trabalho por lá.

Essa tendência está crescendo aqui no Brasil também. Como nunca antes na história, as empresas estão procurando por habilidades e, não necessariamente, por graduações.

Mais prudente que projetar cenários de longo prazo é ter agilidade e capacidade de resposta às demandas do nosso “novo normal”, o qual, inclusive, sofrerá alterações disruptivas constantes causada pela exponencialidade da tecnologia, exigindo ultra-versatilidade de negócios e colaboradores. 

Em contextos complexos, quanto mais ampla a visão de um profissional, maior a probabilidade de encontrar soluções eficazes para problemas novos. Não podemos mais resolver problemas utilizando ferramentos ultrapassadas e modelos antigos e estáticos.

O profissional daqui em diante será avaliado pela sua capacidade de mudança rápida, adaptação e versatilidade, e não apenas por seu conhecimento – ou diploma – numa área específica.

As empresas irão procurar profissionais excelentes naquilo que fazem e que têm outras diferentes habilidades. Estamos entrando na era dos super profissionais, aqueles que conseguirão alinhar o conhecimento filosófico e expertises humanas à capacidade de processamento de dados dos computadores.

Profissões emergentes

Recentemente, o LinkedIn revelou uma lista das 15 profissões emergentes no mercado de trabalho. Segundo os dados da maior rede profissional do mundo, entre os 15 cargos listados, nove estão ligados à área de tecnologia da informação.

Um estudo também recente realizado pela Dell, uma famosa empresa de computação, revelou que 85% das profissões de 2030 – ou seja, daqui a apenas 10 anos – ainda nem foram inventadas.

O nosso “novo normal” traz novidades ainda desconhecidas para o mercado de trabalho e os novos “novo normal”, que decorrerão da exponencialidade tecnológica, farão surgir em curto espaço de tempo um mundo conjugado entre o físico e o virtual, quase que os confundindo, em todos os aspectos.

Ou seja, nasce uma realidade virtual com dinâmica e potencial, de certa forma previsível, mas ainda desconhecida.

Se por um lado já existem novas funções que ninguém imaginava há pouco tempo, como consultor de drones, curador pessoal de conteúdo, conselheiro de privacidade, terapeuta de desintoxicação tecnológica e profissionais de nanomedicina, por outro, ainda vamos nos surpreender com o que está por vir em termos de profissões.

Novas regras

As mudanças não aconteceram – ou acontecerão – apenas em ambientes corporativos. A Lei n° 13.989/2020, que dispõe sobre o uso da telemedicina durante a crise causada pelo coronavírus, é um exemplo disso.

Com a evolução rápida das tecnologias wearables e dispositivos que facilitem exames, provavelmente veremos uma abrangência maior do seu uso na medicina. 

O sistema de ensino também deverá ser revisto. Um relatório recente do World Economic Forum, intitulado Schools of the Future, mostrou que o Brasil está muito atrasado e despreparado para competir no novo mundo que se desenha. 

O novo normal será diferente do que estamos habituados e as habilidades e capacitações para este novo mundo, cada vez mais digital, ágil, incerto e resiliente, demanda uma mudança radical na educação, infraestrutura das cidades, transportes e conectividade, para citar apenas estes.

Ainda há espaço para a inovação

Durante a pandemia foi possível perceber duas coisas:

  • não conhecemos mais o mundo sem a tecnologia;
  • podemos usá-la para facilitar e melhorar ainda mais a nossa vida.

Desde as coisas simples, como o uso do e-commerce para fazer compras sem sair de casa, até a impressão 3D de válvulas para respiradores em hospitais, a tecnologia tem se mostrado o elo entre um mundo desconectado e o que continua funcionando repleto de oportunidades e soluções.

Mas essa não é uma realidade apenas enquanto durar a pandemia. As expectativas de todos os lados estão sendo alteradas para sempre, à medida que essas soluções tecnológicas transformadoras vão sendo experimentadas.

As pessoas continuarão esperando por novas tecnologias, mesmo após essa crise, enquanto outros continuarão investindo tempo, energia e dinheiro para desenvolvê-las.

Conclusão

Se você reparar, a tecnologia está muito mais presente e acessível do que imaginávamos e, agora, praticamente indissociável do mundo “real”.

Não é mais factível neste mundo “real” não oferecermos aos clientes uma porta digital de acesso aos nossos negócios.

Igualmente, o negócio que não admitir a contratação virtual de um talento, para trabalhar remotamente de qualquer lugar do mundo, ficará extremamente limitado em termos de colaboradores e habilidades, logo, da necessária versatilidade exigida no mundo atual dos negócios.

Já é possível imaginar um mundo de negócios no qual o contato humano físico é minimizado, e empresas que deixam de ser vistas como curiosidades por trabalharem 100% remoto, para se tornar algo cada vez mais comum.

Isso não significa que o contato humano será eliminado ou que viveremos em casa pedindo comida por meio de algum aplicativo enquanto  assistindo à Netflix. Encontros presenciais continuarão a existir e alguns deles são necessários.

Mas surgiram novos hábitos que provavelmente permanecerão, até que a  “pandemia” tecnológica traga outros “novos normais”.

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